sábado, 22 de outubro de 2016

Os Princípios da Química Verde

                                                           
                                                  Os Princípios da Química Verde





1. Revisão Bibliográfica

          “Art. 225. Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá- lo para as presentes e futuras gerações”
         Os parágrafos IV e V do artigo 225 falam da necessidade de se exigir um estudo prévio para a realização de atividades potencialmente causadoras de poluição e do controle da produção, comercialização, emprego de técnicas e substâncias que possam acarretar riscos à qualidade de vida e do meio ambiente.
       O Decreto 3.179 de 21 de setembro de 1999 prevê desde multas até a suspensão parcial ou total das atividades para as infrações ou crimes ambientais.ditados para fins de certificação, registro e/ou autodeclaração . As atividades produtivas na área de química são normalmente de risco e potenciais causadoras de poluição, visto que trabalha com substâncias muitas vezes tóxicas e/ou inflamáveis e após um processo químico normalmente geram um “lixo tóxico” que precisa ser tratado (resíduo).
        Inserida neste cenário está a Química Verde, também conhecida como Química Limpa, que é um tipo de prevenção de poluição causada por atividades na área de química. Esta estratégia visa desenvolver metodologias e/ou processos que usem e gerem a menor quantidade de materiais tóxicos e/ou inflamáveis . Neste caso, os riscos seriam minimizados e, uma vez que o processo fosse implantado, os gastos com tratamento de resíduos seriam menores.
        No Brasil, a comunidade química já começa a reconhecer a filosofia da Química Verde como uma estratégia importante no que diz respeito ao problema do meio ambiente, não só nas pesquisas, como na inserção deste conceito nos cursos de graduação.
       A filosofia da Química Verde está baseada atualmente nos seguintes princípios:
• é melhor prevenir que tratar ou limpar resíduos de processos químicos depois de formados;
 • métodos sintéticos devem ser projetados para maximizar a incorporação de toda a massa dos reagentes no produto. Essa idéia introduzida por Trost é conhecida como “Economia Atômica”;
 • sempre que forem viáveis, as metodologias sintéticas devem usar e gerar substâncias o menos tóxicas possíveis à vida humana e ao ambiente;
• os produtos químicos devem ser projetados de forma a ter maior eficiência no cumprimento de seus objetivos, com menor toxidez;
• o uso de outras substâncias durante o processo (ex. solventes, agentes de separação, etc.) deve, sempre que possível, ser desnecessário ou inofensivo quando usado;
 • as exigências energéticas devem ser reconhecidas por seus impactos ambientais e econômicos e precisam ser minimizadas. Métodos sintéticos devem, sempre que possível, ser conduzidos em temperatura e pressão ambientes;
• a matéria-prima deve ser proveniente de fontes inesgotáveis (renováveis);
• deve-se desenhar a metodologia de modo a não precisar de derivatizações como grupos de proteção; • reagentes catalíticos são sempre superiores a reagentes estequiométricos;
• os produtos químicos devem ser desenhados de maneira tal que, depois de terem sido usados, eles não persistam no ambiente e que seus produtos de degradação sejam inócuos;
• métodos analíticos devem ser desenvolvidos para monitorar o processo em tempo real controlando, a priori, a formação de substâncias perigosas e
• as substâncias e a forma como são usadas no processo químico devem minimizar o potencial de acidentes. Podemos encontrar na literatura vários exemplos e estudos da aplicação de alguns destes princípios. Constatamos um esforço da comunidade científica mundial no desenvolvimento de novas metodologias ou no resgate das antigas, que se enquadram dentro desta filosofia.

       Um dos princípios da Química Verde fala sobre processos que usem matérias-primas de fontes renováveis. Um exemplo importante neste sentido, em termos nacionais, está na utilização de cana-de-açúcar. A sua fermentação para a produção de álcool, que pode ser usado como combustível em substituição a combustíveis fósseis, tem sido motivo de discussão no país desde a década de 70 com o Proálcool, levando a muitos progressos. Após uma estagnação por para ver os prejuízos de seus atos. Porém, o planeta Terra já dá sinais claros de seu esgotamento, diminuindo nos dias de hoje a qualidade de vida. Assim, é inevitável olhar para o problema ambiental como algo a começar a ser resolvido agora. Não sendo assim, seremos nós os responsáveis pela nossa própria extinção.O mundo agora procura por progresso baseado no desenvolvimento sustentável. Uma estratégia neste sentido é a Química Verde.
          A Química Verde é, na realidade, uma filosofia. Há tempos atrás um desafio sintético consistia em chegar à molécula alvo. Quando se aplica a idéia da Química Verde, um desafio sintético trata-se de chegar à molécula alvo com uma metodologia que agrida o mínimo o meio ambiente.Cada vez que conseguimos cumprir com alguns dos quesitos da Química Verde, estamos caminhando para uma utilização mais consciente dos nossos recursos naturais e para a manutenção da vida no planeta. É claro que esta não é a única estratégia para isto, mas é importante considerá-la."

REFERÊNCIAS: DA SILVA, Flavia Martins; DE LACERDA, Paulo Sérgio Bergo; JUNIOR, Joel Jones. Desenvolvimento sustentável e química verde. Quim. Nova, v. 28, n. 1, p. 103-110, 2005.

2. Conclusões

        As variações da economia e do mercado atual tem forçado ás empresas a encontrar estratégias de sobrevivência, como a compra de matérias primas mais baratas, melhoramento logístico, implementação de outras tecnologias e, em alguns casos, até a redução da qualidade de seus produtos finais. A indústria Química de Base do Brasil é atrasada se comparada a países mais desenvolvidos e industrializados, oferecendo artigos limitados, pouco acessíveis e de baixa variedade. Devido á priorização á exportação de artigos simples como alcool, soja, óleo e açucar, a Indústria Química brasileira não desenvolveu tecnologias eficientes para o seu crescimento, afetando em cadeia pequenas, médias e até grandes indústrias.
       O atraso tecnológico das plantas químicas brasileiras também se reflete como prejuízos ao meio ambiente, como grande produção de poluentes, mineiração intensiva e altas emissões de carbono. A tecnologia e o estudo da Química Verde pode quebrar este paradigma, permitindo um desenvolvimento industrial em matriz limpa, com respeito ao meio ambiente e, aliado a isso, o crescimento econômico. A Química Verde é uma tecnologia em desenvolvimento, no entanto tem se mostrado promissora e benéfica ao meio ambiente, reduzindo a poluição das águas, do ar e da terra.
     

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